segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Parabéns São Paulo.

Já faz algum tempo, que sofro por sentir saudade do centro de São Paulo. Foi ali, que comecei minha carreira no varejo, no extinto Mappin. Rua Conselheiro Crispiniano 72, era neste endereço que eu, com pouco mais de 18 anos, chegava todas as manhãs, bem em frente a G.Aronson "o inimigo numero 1 dos preços altos", logo após ter tomado meu café da manhã, no Gironda.

Ah! Que saudade do velho centro, do velho Mappin, das suas quinzenas, como a quinzena Santa Catarina, das suas liquidações; "Mappin...venha correndo Mappin, até meia noite Mappin é a liquidação! Liquidação do Mappin!". Não resistindo à saudade, fui passear no velho centro, na semana passada... fiquei imensamente triste ao ver o relógio, importado da Europa, na fachada do antigo prédio do Mappin, onde hoje é locado à uma triste Casas Bahia, parado! O símbolo de uma empresa, de uma era do varejo, ali, parado, como estavam parados os meus pensamentos, ao olhar para aquela fachada...
Onde estava a Leiteria Americana, na Xavier de Toledo, que tinha o melhor pudim de leite de São Paulo? Onde estavam as manifestações sócio-politicas, sindicais e até religiosas, que eram realizadas e faziam questão de se postarem diante do Mappin e do Teatro Municipal. Ví um Teatro Municipal taciturno, pois não tem mais o seu mais nobre vizinho de frente... o Teatro Municipal de tão triste, se revestiu de tapumes, que na desculpa de sua reforma, escondem a sua profunda tristeza.
O Shopping Light luta, pois não consegue "decolar" no velho centro, totalmente abandonado pela Prefeitura negligente, que falsamente se pôs no viaduto do Chá, em um prédio que já abrigou escritórios das empresas dos Matarazzo.
Mendigos, indigentes, cidadãos sofridos, viciados em crack, moradores de rua, vendedores de produtos fasificados, trombadinhas, trombadões... decadência!
Fui com um amigo até a Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Eu estava orgulhoso de poder mostrar-lhe quão linda e histórica é a faculdade. Quantas histórias sairam daquelas paredes... paredes, cercadas por todo tipo de descaso e abandono.
Andamos por um longo tempo na rua São Bento e almoçamos no Shopping Light. Contei-lhe algumas de minhas histórias e tomamos um verdadeiro e típico cafezinho paulistano.

Pois bem, como varejistas que somos, eu e este corajoso amigo, resolvemos depois de longas conversas abrirmos uma nova Loja Triângulo, na rua São Bento; é conseguimos, os dois, enxergarmos a beleza do centro paulistano, envolto na miséria e no descaso, proporcionados por uma administração pública, que não merece outros adjetivos.
Nós dois, alí parados diante da futura Loja Triângulo, sentimos a emoção de poder fazer parte (uma ínfima parte) da história desta tão brilhante cidade, que acolhe a milhões, de maneira indistinta e calorosa e que merece todo amor, carinho e atenção.
Vamos fazer nossa parte para salvarmos o centro, o centro velho, longe de pretensões políticas - algo que abomino - em nossos, aproximados, 60 metros quadrados, faremos o melhor por este pedacinho do centro.

A nossa nova loja na São Bento, é para todos, um presente, e para mim em especial, um resgate de um passado glorioso, do centro da cidade onde nascí e crescí, que nunca mais voltará, mas que continuará vivo em minhas lembranças - e na de milhões de paulistanos - que serão revividas a cada nova visita à LojaTriângulo, da São Bento.

Parabéns São Paulo, pelos 456 anos!!!

Eu te amo, minha cidade!

Um comentário:

Anônimo disse...

A vida é assim mesmo, passei minha infância brincando naqueles corredores enquanto minha mãe trabalhava, que natais maravilhosos na festa de funcionários. Agora a Triângulo nos proporcionará os momentos especiais com a diferença que hoje fazemos parte da história.
Parábens pela coragem e entusiasmo.